O trabalho proposto resulta da interpretação, por meio da Fotografia, do processo criativoque resulta na encenação pelo Grupo de Teatro de Letras dirigido pelo encenador Ávila Costa da obra de Shakespeare Ricardo III. tal como o Poder, também Ricardo atrai o Públicopara a maquiavélica vertigem da conspiração através dos seus monólogos. Nesses momentos,Ricardo apenas partilha o palco com as suas considerações e estas com a nossa curiosidadepor uma certa malvadez de conquista. Ricardo espelha-nos. Aumentado o nosso desconforto,começamos a descobrir Ricardo em todas as restantes personagens e há algo declaustrofóbico em toda esta encenação.
A construção de tal enredo é feita com máscaras após desconstrução não do indivíduo masda sua percepção dessa mesma encenação. As palavras agrupam-se em frases, que se separamem respirações e que necessitam de intenções sedentas de que o actor esteja lá, na zona. O actor é intérprete e assume a imensa responsabilidade de o mostrar perante nós, sema rede da escrita, da tela, do papel fotográfico sensibilizado e fixado. Através da fotografia eexpondo o resultado de forma quase cronológica, constrói-se uma narrativa necessariamente incompleta.
A tensão de palco transmuta-se em suspensão dos corpos no papel e asmáscaras são cristalizadas apenas no contexto oferecido pela informação do sujeito fotográfico.De resto, o que se expõe tenta ser tão intemporal como a própria peça, não por uma relaçãode implicação mas antes porque o tema assim o determina.
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